Olhei para o espelho e disse:
– Seja dona das minhas palavras!
O espelho me respondeu:
– Não até que não sejas mais eu.
Olhei para o passado e disse:
– Serei dona das minhas palavras!
O passado me respondeu:
– Não até que não precises ver o meu eu.
Olhei para o tempo e disse:
– Estou sendo dona das minhas palavras!
O tempo me respondeu:
– Não até que não creias que o mal sou eu.
Olhei para a morte e disse:
– Fui dona das minhas palavras!
A morte me respondeu:
– Não, que quem as possui não me conheceu.
Exausta e prestes a arrancar as retinas
mergulhei em mim
em busca do abismo.
Onde supus verbo,
vi o vazio.
Olhei para o vazio e disse:
– Sou a dona das minhas palavras!
E o vazio ecoou:
– Sou a dona das minhas palavras!
Sou
a
dona
das
minhas
palavras!
.
Sou
a
dona
das
minhas
palavras!
.
.
.
.
(E nunca mais precisei esperar resposta)