estou fazendo esse poema
porque quero bater a cabeça na parede
pobre de mim
uma vida inteira num quarto bagunçado
me colocando nas paredes
me colocando entre paredes
e agora querendo rompê-las
com a maldita cabeça
que tanto pesa
quanto eleva
pobre de mim
eu quero marcar o que me contém
eu quero estar no que me contém
eu quero ser o que me contém
eu quero matar o que me contém
eu quero me matar pra matar ninguém
eu quero rimar
pra que os fins façam sentido
e que o meio seja qualquer coisa
pathos latos fatos rugidos
vem o rompante
de bater a cabeça na parede
por trás
pela frente
como se faz sexo
quando se esquece do amor
mas agora eu tenho que me recompor
e respeitar as malditas leis do mundo
que ninguém me ensinou
então não bato a cabeça na parede
baato apenas as palavras
na tela em branco
até que elas consigam
me atravessar